ORDEM SAGRADA DE BENNU

Organização     Graus Iniciáticos     Linhagem Bruxa


Organização

A Ordem Sagrada de Bennu se constitui nos moldes coventiculares, tendo um número de membros de terceiro grau ativos restrito a até 13 membros, dentre os quais conta-se apenas um sumo-sacerdote ou sumo-sacerdotisa, cujo título é Bennu-Kher, cargo vitalício, porém, renunciável.

O número de membros não iniciados e de 1º e 2º graus não é limitado, entretanto, no presente momento não estão sendo aceitas novas candidaturas.
Fazendo uso das novas tecnologias de comunicação, a Ordem não se restringe a um local geográfico específico, podendo contar com membros de cidades distantes e diferentes países, todavia, o idioma utilizado por todos é o português.

Apesar de estar na posição pertencente a uma Casa Bruxa (coventículo mãe de uma tradição), por ser uma Ordem, sua existência está vinculada à sua missão, não à estrutura física da organização bruxa que representa por questão conjuntural. Ademais, as novas tecnologias de informação e a facilidade de viajar entre lugares longínquos do globo terrestre em ocasiões especiais permitem a exploração de formas de organização diferentes da tradicional divisão por área geográfica.

A menção a Bennu não é aleatória, deixando transparecer um dos pilares da cosmologia da bruxaria ancestral. Bennu é a origem do mito da Fênix, de tempos em tempos uma ave representada como uma parente extinta das atuais garças retornava ao altar em Heliópolis onde queimava e renascia de suas cinzas. Isto é, definitivamente, o que cremos acontecer com cada parte da criação: um ciclo incessante de nascimento, vida, morte e renascimento. Desta forma, a Ordem Sagrada de Bennu serve, em linhas gerais, ao propósito de preservar este conhecimento em diversos de seus aspectos e contribuir para que tal fluxo ocorra com o menor atrito possível na vida de seus membros, na existência da própria instituição e, dentro de nossos modestos limites, na própria sociedade. Para que fique mais claro devemos salientar que o ciclo de nascimento, vida e morte é inexorável, não é necessário contribuir com seu funcionamento, não é ao ciclo em si que servimos, não é a isso que a Ordem se propõe, mas a identificar em que fase se está e não se opôr ao ciclo, o que torna tudo mais fácil. No que se refere ao ensino, tal missão deve ser cumprida, todavia, sem qualquer traço de imposição ou proselitismo. Cabe ao aprendiz aprender, a percepção nasce dentro do aprendiz, caso contrário seria, na melhor das hipóteses, a repetição mecânica e desprovida de sentido de palavras vazias.

A Ordem Sagrada de Bennu não cobra contribuições pecuniárias de seus membros. Para realizar seus objetivos, conta apenas com a colaboração participativa eventual destes em mão de obra.

A Bruxaria Ancestral não força ninguém a fazer qualquer coisa que não deseje e respeita acima de tudo as escolhas pessoais. Para que fique absolutamente claro, afastando qualquer desconfiança calcada em preconceitos contra bruxos, a bruxaria ancestral:

a) não recrimina os usuários nem aconselha o uso de drogas ilícitas nem de drogas lícitas que possam causar dependência ou qualquer tipo de dano ao usuário;
b) não discrimina nem incentiva a homossexualidade;
c) não promove a libertinagem ou infidelidade de qualquer espécie;
d) não discrimina os naturistas nem é adepta do naturismo;
e) não comete e denuncia atos criminosos;
f) não impede a saída de nenhum membro, só exigindo dos iniciados que saem a doação de sua adaga (athame) e suas vestes cerimoniais a favor da Ordem, bem como de todos que são ou já foram membros a não divulgação de qualquer informação obtida junto à Ordem ou através dela, senão entre os demais membros da Bruxaria Ancestral conforme seu respectivo grau.

Os membros da Ordem:

1- São graduados ou pelo menos cursam o nível superior;
2- Não estão vinculados ativamente a nenhum outro grupo bruxo ou wiccano;
3- Não são praticantes de outra religião;
4- Não têm vícios ilícitos ou lícitos, incluindo o tabagismo.

O motivo de cada um destas caracterpisticas pode ser muito suscintamente expresso da seguinte forma:

1- Conquistar o nível superior tornou-se um rito de passagem para o acesso à vida adulta, muito embora haja pessoas sem nível superior bastante esclarecidas e bem sucedidas e outras, com nível superior, que jamais adquirirão um mínimo de cultura, maturidade e responsabilidade esperados de um adulto, por isso, este ponto é sempre observado no aspecto de o candidato à Ordem ter ou não adquirido o protagonismo de sua vida e responsabilidade sobre outras pessoas a partir de sua formação e profissão;
2 e 3- Toda religião se encontra atrelada a uma cosmologia específica, uma forma de ver o "mundo", um modelo de interpretação da realidade próprio que, para ser transmitido, não pode ser desmembrado tendo suas partes adaptadas ao modelo de outra religiosidade;
4 - Quem começa a praticar magia e a adquirir uma nova forma de ver o mundo passa por uma fase de ligeira dificuldade de distinguir a imaginação da realidade, sendo este um dos motivos mais importantes de contar com o acompanhamento de um mestre. Quem sofrer de esquizofrenia e/ou não tiver disciplina mental (não se deixar controlar por vícios), deve se afastar da bruxaria sob o risco de ver seus problemas psiquiátricos potencializados.


Graus Iniciáticos

Há três graus iniciáticos na Bruxaria Ancestral:
Grau Zero (não iniciado) - Peregrino/a;
1º Grau - Alcoviteiro/a;
2º Grau - Feiticeiro/a;
3º Grau - Bruxo/a

À exceção de descendentes de sangue do Bennu-Kher, o ingresso na Ordem Sagrada de Bennu não se dá por convite nem com facilidade. É necessário que o candidato, em primeiro lugar, queira e busque o caminho até a Ordem. Uma vez convencido de que a bruxaria ancestral representa suas convicções mais profundas e tendo vivo interesse em participar da Ordem, o candidato se compromete a manter o sigilo das informações recebidas e encaminha à Ordem um questionário de candidatura com uma série de dados e fotos que o identifiquem.

Os dados serão transformados em informações e analisados, sendo então realizada uma votação por seu ingresso entre os membros iniciados ativos.

Para que seja aceito como peregrino, absolutamente todos os iniciados da Ordem devem ser favoráveis à entrada e cada um deles, sem precisar justificar seu voto, pode impedir sozinho a entrada de quem quer que seja.

Uma vez aceito, lhe é designado um mestre, e este será o único iniciado cuja identidade bruxa o peregrino conhecerá na Ordem, até que ele seja, também, um iniciado. O peregrino permanecerá em estudo por não menos que uma Roda do Ano e um dia, quando, a critério de seu mestre e novamente submetido à aprovação de todos os iniciados, poderá ou não ser conduzido à iniciação.

A iniciação dá acesso ao primeiro grau bruxo, o de alcoviteiro, que é assim chamado por, a partir dele, o antigo peregrino passar a fazer parte de um coventículo (grupo bruxo) e ter autorização para conhecer e participar de rituais junto aos demais membros.

Após mais uma Roda do Ano e um dia no mínimo, o alcoviteiro, a critério de seu mestre e com a aprovação do Bennu-Kher, pode ser encaminhado à elevação de grau, tornando-se feiticeiro.

Como feiticeiro, o iniciado se aprofunda em diversas técnicas que deverão lhe habilitar a prestar serviços oraculares, curativos, de proteção psíquica e, sobretudo, aprenderá a ter acesso mais próximo às Deidades da
Veneração Ancestral.

O grau mais elevado na bruxaria, que só pode ser concedido com a aprovação exclusiva do Bennu-Kher, é o de bruxo/a. Assim como os demais graus, este terceiro grau só pode ser atingido após no mínimo uma Roda do Ano e um dia de ocupação do grau anterior. Um bruxo terá acesso amplo a todos os conhecimentos da Ordem e poderá, a seu critério, criar seu próprio coventículo ou permanecer na Ordem para auxiliar no cumprimento de sua missão.


Linhagem Bruxa

Conforme pensamos hoje, a bruxaria sempre se deu pela via iniciática, ou seja, de mestre para aprendiz. Aos nomes de iniciadores em ordem inversa até o primeiro iniciador chama-se linhagem bruxa, o que leva a todos à seguinte pergunta: o primeiro iniciador não foi iniciado?

Mesmo a wicca, amálgama de alta magia com bruxaria, com data de início razoavelmente conhecida (meados do século XX), sugere que seu primeiro iniciador (Gerald Gardner) foi iniciado por bruxas tradicionais, o que, no caso deles, deixa novamente a questão em aberto.

No que se refere à Bruxaria Ancestral, a linhagem bruxa pode ser traçada da Ordem Sagrada de Bennu até bruxas de aldeia da Península Ibérica no ano de 1900. Entretanto, em função de perseguições religiosas, antes disso e mesmo naquela época não era seguro manter registros sequer orais sobre linhagem bruxa, motivo pelo qual desconhecemos dados anteriores e cremos que qualquer linhagem tão antiga quanto a nossa sofra da mesma limitação.

A bruxaria ancestral, entretanto, por ser menos dogmática e muitíssimo menos ritualística do que o leigo imagina (esta imagem equivocada disseminou-se pelo fato de Gardner ter adotado para a wicca a rigidez ritualística da alta magia), sempre foi aberta a novas fontes, tendo acolhido conceitos de outras religiosidades, informações científicas e conhecimentos técnicos ao longo do tempo, combinando-os de forma coerente com a visão cosmológica da Bruxaria Ancestral. Isso significa que a bruxaria é uma religiosidade viva e que apesar de manter algumas bases sólidas, na prática não pode ser comparada a o que era em tempos imemoriais. Mais que isso, identificando as raízes da bruxaria ancestral como forma de religiosidade bem aprofundada em terreno pré-histórico, chegamos ao período em que o contato com as deidades era comum a todos, não fazendo sentido falar-se em iniciação em mistérios. Nos primórdios da bruxaria, o primeiro e único mestre iniciador era a própria natureza, mas isso é algo que acreditamos não poder ser entendido em sua real dimensão nos tempos atuais, senão pelos iniciados.