ARTIGOS

Novo Sistema Solar, Nova Era

Todos aprendemos, há décadas, que nosso sistema solar é composto do Sol e de nove planetas. A maioria, acompanhando os noticiários, ouve falar que novos corpos celestes vem sendo descobertos, mas quantas pessoas, numa amostra aleatória, poderiam enunciar seus nomes ou sua posição relativa aos já tão pretensamente conhecidos me-ve-te-ma-ju-sa-ur-ne-plu?

Seria ousado propor que quase ninguém?

Creio que não.

Lembro ainda que nem só os novos planetas pasmam a opinião pública. Ceres e Vesta, por exemplo, foram descobertos entre Marte e Júpiter ainda na primeira década do século XIX. Mas não me recordo de nenhuma menção a tais corpos celestes em meus livros didáticos do século XX...

Alguns justificariam a subtração à formação de meu frágil conceito do nosso Sistema Solar afirmando que Vesta é apenas um asteróide e que, quanto a Ceres, não se chegou a uma conclusão razoável se deveria ser considerado um asteróide, um planeta, um "proto-planeta"ou, mais recentemente, um planeta-anão. Ainda assim, resta inconteste o fato de pertencerem a nosso Sistema Solar, sem esquecer o pitoresco fato de Vesta poder ser ocasionalmente observado da Terra a olho nu, ao contrário de Urano, Netuno e Plutão.

Quíron, descoberto em 1º de novembro de 1977, por acaso suscitou maior curiosidade, e em pouco tempo o vimos surgir no rol de recursos dos astrólogos, com bom aproveitamento, o que não significa que, por seu ostracismo, Ceres e Vesta não nos tenham nada a dizer.

Não bastasse tanta desinformação acerca do que já se conhecia há mais de um século, acompanhamos a descoberta de ao menos um corpo celeste em nosso Sistema Solar por ano desde o início do século XXI.

  • Varuna - novembro de 2000;
  • Ixion - maio de 2001;
  • Quaoar - junho de 2002;
  • 2003 EL61 - 2003;
  • Sedna - novembro de 2003;
  • Orcus - fevereiro de 2004;
  • Éris - janeiro de 2005;
  • 2005 FY9- 2005.

    E se aliarmos a isto o fato de estes corpos celestes não poderem ser alinhados numa ordem de distância do Sol, estando por vezes mais e por outras menos próximos do Sol do que Plutão, bem como a criação recente da categoria "planeta-anão", arbitrando que Plutão não é mais o nono planeta de nosso Sistema Solar, restou apenas muita confusão mental no lugar do que eu já vagamente considerava meu local no espaço. Em vista disso, posso considerar como um fato que o Sistema Solar em que nascemos não existe mais, que todos nós somos desterrados, e sequer sabemos onde estamos ou para onde estamos nos dirigindo.

    Resta-nos, então, buscar elementos para reconstruir nosso mundo mental e pensarmos nas conseqüências físicas de tais mudanças radicais.

    É lugar comum, entre os astrólogos, considerar que a descoberta de um novo corpo celeste em nosso Sistema Solar, ou a simples mudança de visão de sua posição relativa, como é o caso do próprio Sol, está relacionada com a ocorrência de eventos cuja chave simbólica é o nome do corpo celeste.

    Fernando Fernandes, na edição 70 da Constelar, dispõem com bastante clareza os indícios que corroboram esta tese ao dispor em tabela o que reproduzimos a seguir.

  • Afirmação do Heliocentrismo (Copérnico, Galileu e Kepler) De 1543 a 1611 - Absolutismo monárquico, Mercantilismo, Racionalismo, Cientificismo, Cristandade dividida: católicos x protestantes.
  • Urano 1781 - Revolução Industrial, Ascensão social da burguesia, Afirmação do capitalismo e da livre empresa, Revoluções americana e francesa, Enciclopedismo.
  • Netuno 1846 - Socialismo utópico e Manifesto Comunista, Organização do proletariado, Progressiva substituição do carvão pelo petróleo na indústria, Movimentos nacionalistas e étnicos, Anestésicos.
  • Plutão 1930 - Grande Depressão de 29, Nazismo e Fascismo (Estado autoritário e anulação da individualidade), Desemprego em doses maciças, Desenvolvimento da energia nuclear, Propaganda a serviço do poder, Cultura de massa.
  • Quaoar 2001 - Nova modalidade de terrorismo, Confronto entre civilizações, Guerra tecnológica com motivações arcaicas (Estados Unidos x Talibãs).
  • Sedna 2004 - Distúrbios climáticos inéditos, Aprofundamento do confronto entre civilizações.

    Mesmo quem não crê em astrologia terá que considerar que existe uma lógica bem simples por trás deste fenômeno, que o torna mais palatável aos céticos: os nomes que se escolhem para os corpos celestes são fruto do pensamento da época, e o pensamento de uma época é tanto causa quanto efeito dos eventos que estão acontecendo ou em vias de acontecer, é o que preocupa ou pressente o ser humano naquele momento.

    Porém, a brilhante menção de Fernando Fernandes ao heliocentrismo nos indica que o fenômeno ultrapassa esta explicação simples que ofereci, mas, por hora, não me preocuparei em solucionar esta controversa equação, apenas usarei o fato constatado para postular que mudanças de categoria, como a que está sendo levada a cabo pela criação do conceito de "planeta-anão", tal e qual a descoberta/nomeação de um novo corpo celeste, sinalizam a ocorrência de fatos relacionados ao(s) corpo(s) celeste(s) reclassificado(s). Aliás, chamar a Plutão e aos novos corpos celestes descobertos de planetas-anões, renegando a tradição de ter Plutão como o nono planeta de nosso Sistema, parece ser uma decisão motivada por causas subconscientes, como uma tentativa extrema de "minimizar" o que os planetas declarados anões indicam que está ocorrendo ou por ocorrer, como varrer a sujeira que não se quer ver para debaixo do tapete, decisão esta que promete ser tão ineficaz quanto uma lei aprovada em Congresso e sancionada pelo Presidente que revogue a gravidade.

    Sabemos, ainda, que o que os corpos sinalizam está diretamente relacionado ao significado dos nomes que portam, então, para poder estimar o que nos aguarda, basta observar quem são as entidades homenageadas e comparar com o que vem acontecendo. Comecemos pelos corpos recém descobertos:

  • Varuna é um Deus Ancestral indiano, relacionado à Criação do Mundo;
  • Ixion é um rei humano que, na mitologia grega, por tentar seduzir Hera, foi jogado aos infernos por Zeus e amarrado por cordas formadas de serpentes a uma roda que gira incessantemente ;
  • Quaoar é um Deus dos índios norte-americano, relacionado à Criação do Mundo;
  • Sedna é a Deusa dos mares gelados e da mutilação;
  • Orcus é outro nome de Hades, Deus dos mundos inferiores;
  • Éris é a Deusa da Discórdia, na mitologia grega.
    Acrescentemos os que já eram conhecidos e que, agora, ou foram ou estão em vias de ser considerados planetas-anões:
  • Ceres é a Deusa grega da colheita e do amor maternal;
  • Quíron é um centauro que cura a todos e por ninguém é curado;
  • Plutão é o Deus dos mundos inferiores;
  • Vesta é a Deusa virgem do fogo sagrado, da casa e da família.

    E lembremos que aqueles recém descobertos e que estão sendo reclassificados, sejam eles Quaoar, Varuna, Ixion, Sedna, Orcus e Éris deverão ter influência dobrada.

    Então, se trata, ao todo, de nada menos do que uma Deusa da colheita e do amor maternal, um centauro que serve aos outros mais que a si mesmo, uma Deusa da casa e da família, um Deus das regiões infernais e, com influência dobrada, dois Deuses da Criação do Mundo de diferentes mitologias, uma Deusa das águas geladas e do sofrimento, um humano que afronta os deuses e é punido, e mais dois deuses infernais da mitologia grega, como se não bastasse Plutão.

    Não podemos deixar de mencionar, ainda, que o surgimento de nomes de outras mitologias que não a greco-romana e a presença de nada menos que três Deuses infernais da mitologia greco-romana indicam uma grave crise, senão, o fim do modelo de civilização ocidental, e a presença de dois deuses da criação de mitologias diferentes apontam no sentido de que outros sistemas serão aventados como solução, lembrando ainda que a criação é precedida pela destruição.

    Lembremos que, conforme apresentado por Fernando Fernandes, a ocorrência da descoberta de Plutão, isolada, foi o bastante para sinalizar toda uma série de mazelas ao mundo, impensadas no pós Primeira Guerra Mundial. O que não devemos esperar da re-invocação ao Deus dos Infernos acompanhada de todos os demais acima mencionados?

    O quadro geral é de um caos, uma crise sem precedentes na história registrada, assomando-se desastres naturais de ampla escala com o uso do poder autoritário, o desrespeito às instituições e a falta de referência até mesmo intelectual. Tudo isto, plenamente coerente com os elementos de humanitarismo e solidariedade que também se exaltam neste momento.

    Se me permitem a ousadia, gostaria de, em nome da clareza, reproduzir com pequenas alterações e, espero que relevantes, adições parte do quadro de Fernando Fernandes da forma que segue:

  • Plutão 1930 - Nazismo e Fascismo - Estado autoritário e anulação da individualidade, Desemprego em doses maciças, Desenvolvimento da energia nuclear, Propaganda a serviço do poder, Cultura de massa.
  • Quiron 1977 - Advento da Internet.
  • Varuna 2000 - Consolidação da globalização e do mundo virtual.
  • Ixion 2001 - Terroristas desafiam o poder dos EUA países são submetidos a uma eterna desgraça em nome de ação contra o terrorismo.
  • Quaoar 2002 - EUA invadem Afeganistão e Iraque à revelia da ONU, o recursivo uso da força.
  • Sedna 2003 - Distúrbios climáticos inéditos.
  • Orcus 2004 - Aprofundamento do confronto entre civilizações, o recursivo uso da força.
  • Éris 2005 - O ser humano perde sua referência no Universo ao não conseguir mais visualizar seu próprio sistema solar.
  • Vesta e Ceres 2006 - Surgimento da difusão de um novo discurso em prol da harmonia universal, mas ainda muito vago, seminal e pouco aceito.
  • Quiron 2006 - Exercício da solidariedade em escala global.
  • Plutão 2006 - Estado autoritário e anulação da individualidade, Desemprego em doses maciças, Propaganda a serviço do poder, Cultura de massa.
  • Sedna, Varuna, Ixion, Orcus, Éris 2006 - Queda oficiosa do sistema, com o desrespeito às instituições constituídas, uso ostensivo e intensivo da força, mortes, grandes desastres naturais ou ambientais, conflitos armados.

    Por último, mas não menos importante, o quadro que descrevemos é dominado por planetas lentos, representando uma situação que foge ao controle do homem, à qual ele terá de se submeter e aprender a superar a custo de grande esforço e dor.

    Mas nem tudo no horizonte são nuvens negras... Se nomearem 2003 EL61 e 2005 FY9 com nomes que façam jus a suas alcunhas, respectivamente Pai Natal e Coelhinho da Páscoa, do vazio referencial surgirá o germe de uma nova primavera.